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Somos um grupo de criadores, proprietários e amantes da Raça Dogue Alemão. Divulgamos materias sobre saúde, manejo, filhotes, padrão da raça, Dogues Alemães famosos. Tudo oque voce precisa saber sobre esta raça maravilhosa você vai encontrar aqui.

Saúde - Displasia

  1. Displasia é uma patologia ? Ela tem níveis de acordo com a seriedade?             Sim. A displasia é um termo genérico para as anormalidades do desenvolvimento, o termo vem do grego “Dis” anormal e  “plassen ou plasia” desenvolvimento. No caso da displasia coxo-femoral, ela é uma patologia osteoarticular degenerativa progressiva. Ela é diagnosticada em diferentes graus, dependendo de vários  fatores como: conformação óssea e nível de degeneração articular. 

2. Quais  as articulações que estão sujeitas a displasia?
No caso das alterações ósseo/articulares, qualquer articulação pode sofrer displasia, a articulação coxo-femoral e a articulação de cotovelo são as  mais envolvidas.   


3. Quando se pode dizer que um cão é displásico?
Isto vai depender do grau de alteração envolvido. Quanto mais grave o grau de displasia, mais precoce é  o diagnóstico, com relação a articulação coxo-femoral. Em algumas situações o diagnóstico só é possível através de exame radiográfico, principalmente em animais com grau leve de displasia, pois estes animais não apresentam sinal clínico. 

4. Quais as conseqüências da displasia, em cada um dos níveis,  no bem estar do cão?
Normalmente animais que apresentam sinais leves de displasia não apresentam sinais clínicos, não manifestando dor. Os graus mais avançados cursam com lesão degenerativa que geram dor, devido ao processo inflamatório crônico. 

6. A displasia é sempre genética ou pode ser adquirida com o tempo?
A displasia é considerada uma patologia genética multifatorial, sendo influenciada pelas condições ambientais onde vive o animal. Ela não é adquirida. 
  1. Estas condições  influenciam negativamente no agravamento da displasia?   (manejo alimentar, exercícios em demasia ou em idade precoce,  pisos escorregadios, ato de ficar apoiado somente sobre as duas patas traseiras, comer à altura do chão ou demasiado alto em relação a linha superior do cão, etc...)                                                                                                                                     Alguns destes fatores podem acelerar o processo degenerativo. 
8. Desequilíbrio hormonal durante a gestação pode causar displasia em algum filhote?
Esta pergunta é muito ampla, normalmente desequilíbrios hormonais manifestam-se antes da gestação, dificilmente a fêmea vai manifestar alterações hormonais durante a gestação, entretanto alterações hormonais podem acarretar em mal desenvolvimento fetal e gerar inúmeras alterações conformacionais. 

  1. Filhotes de cães de raças grandes ou gigantes, criados sobre o jornal, onde escorregam, podem adquirir displasia ?                                                                       Não. Mas podem agravar lesões pré-existentes. 

  1. A partir de qual idade um individuo pode ser afetado pelo meio ou manejo  e agravar a displasia já existente?                                                                                      Esta pergunta é ampla. A displasia não é adquirida.  O indivíduo pode sofrer as conseqüências do meio logo nos primeiros meses de vida, dependendo de vários fatores: manejo ambiental ( piso, alimentação, tipo de exercício, etc.) E também manejo genético reproduzindo animais displásicos entre si, sendo este o fator principal para o auto índice de displasia nas criações. 
  1. A partir de que idade a displasia pode ser diagnosticada com precisão em cães da raça Dogue Alemão?                                                                                                       Vai depender do grau de displasia. Em termos de precisão é preconizado o diagnóstico radiográfico quando o animal atingir 18 meses. Eventualmente é realizada uma radiografia prévia, antes dos 18 meses, para fins exploratórios com um índice de precisão menor. 

  1. A criação exige seleção, porém no caso da displasia e na raça Dogue Alemão, esta seleção deve esperar até uma determinada idade do cão. Existe algum exame que possa ser feito em filhotes e que já  possa dar indício de que ele possui displasia? Caso sim, em que idade?
Sim. Existem métodos clínicos para determinação do grau de flacidez articular, exame realizado sob sedação no filhote a partir de 2 – 3 meses, não é  um método muito confiável e exige uma boa experiência do médico veterinário. Também é possível exploração radiográfica, através do método chamado Penn hip, a  partir dos 4 –  5meses de idade. Este método não é  unanimidade entre os especialistas.

12. O manejo alimentar pode causar displasia? Quando e como?                           Não. Mas é fator determinante para o desenvolvimento do problema. Animais que geneticamente apresentam uma conversão anormal (exemplo: desenvolvimento muscular assíncrono com o ósseo), os fatores nutricionais influenciarão no desenvolvimento da alteração ósseo/articular. 

13. No caso da displasia ser geneticamente transmitida, ela é  determinada por um único gene ou necessita de um conjunto deles?
A displasia é considerada uma doença poligênica. 


15. Um cão que apresente algum nível de displasia vai sempre transmiti-la ou depende das condições do sexo oposto em relação à  displasia?

Um animal sempre vai passar suas características genotípicas e nem sempre serão manifestadas fenotipicamente.Vai depender da característica do gene (recessivo ou dominante) entre outras. 

15. Pais  displásicos terão sempre filhos displásicos?
Não.

16. Pais não-displásicos terão sempre filhos não displásicos?
Não. 

17. Todo cão com displasia em qualquer nível deveria ser alijado do plantel de reprodutores?
Não. 

18. Um cão que apresente displasia, por exemplo, sendo um exemplar perfeitamente enquadrado em seu padrão rácico, de beleza estrutural incontestável, deve ser  retirado do programa de criação ou há  critérios que permitam o uso deste exemplar na reprodução, visando a transmissão das demais excelentes características dele?
        Não necessariamente o animal deve ser retirado da reprodução.  Um critério fundamental seria o histórico genético do cão, desde gerações passadas e sua progenie, entretanto isto é muito pouco realizado no Brasil. Em termos gerais um animal com grau leve de displasia é liberado para reprodução, desde que realizada com um animal isento de displasia. 

19. Um filho do cão do caso acima  poderá ainda transmitir displasia herdada dele?
        Sim.  

20. Os níveis de displasia variam de acordo com a raça?
Não. 

21. Assim como temos diferenças de mordedura entre raças, por exemplo: Dogue Alemão não pode ser prognata enquanto o Boxer deve ser.No que se refere a displasia temos raças que podem ser, raças que devem ser ou ela é sempre não desejada?
É sempre não desejada. 

22. Existem raças onde a displasia é mais comum?
Sim. Mas, mais comum não  é o termo adequado, pois isto depende dos critérios de controle. Uma das raças mais suscetíveis   é o São Bernardo. Entretanto o problema está amplamente disseminado devido a falta de controle. 

23. O Dr. tem dados seus, de sua própria experiência, sobre a incidência de displasia, e seus níveis, na raça Dogue Alemão?
Infelizmente não, pois não  é comum o controle nesta raça. Eu tenho uma experiência clínica, onde o animal chega até mim porque está com dor e isto não pode ser parâmetro para incidência. 

24. Quais níveis de displasia podem ser utilizados na reprodução?
Displasia leve ( HD+) 

25. Qual seria o melhor método de escolha dos pares, com vistas a displasia?Combinar que nível com qual nível visando não agravar a displasia na progênie?
Conhecer os pais.  

26. Um indivíduo pode carrear o gene sem apresentar a displasia?
Sim.

27. Quantas gerações seriam necessárias para eliminar o risco de se ter um filhote displásico?
Eu não tenho esta informação. Isto envolve uma análise genética complexa, que deveria ser feito por um profissional desta área. 

28.  Um individuo joga seus genes aleatoriamente à sua progênie. Isto pode significar que um cão displásico, carreando os genes, possa não transmiti-los à algum de seus descendentes, em uma mesma ninhada?                                  Não podemos realizar esta análise, pois a displasia é poligênica. A pergunta está se referindo a apenas um gene, neste caso a variante seria se o gene é recessivo ou dominante, não se enquadrando na característica poligênica da displasia. 

29. Um cão que não apresenta a displasia mas carreia o gen, pode transmiti-lo ou não a sua progênie?
O genitor sempre irá transmitir suas características genéticas, elas podem ou não serem manifestadas. 

30. Algum dos níveis de displasia são mais ou menos transmitidos?
Não.

31. Qual o controle sobre a displasia que o Dr. recomenda?
Nenhum controle é 100% eficaz. Mas o controle radiográfico, juntamente com um banco de dados genealógico, diminuiria muito a incidência. 

32. Basta que um dos sexos do par tenha o gen (ou o conjunto de genes )para transmiti-la ou é necessário, para isto, que ambos tenham?
Basta um.  

33. O avanço da idade pode agravar a displasia? Ou os sintomas dela?
Sim.

34. Displasia tem cura?
Não.

35. Há tratamento (cirúrgico ou não) que amenize os efeitos dela sobre o bem estar do cão?
Sim. Mas é necessário uma análise clinica rigorosa do indivíduo, para determinar qual o método terapêutico mais indicado. 

36. Um cão displásico pode ter vida normal?
Animais leves e moderados sim. Animais graves não.  Isto vai depender de cada individuo e também está diretamente relacionado com a raça. 

37. Existem outras enfermidades que possam estar ligadas a displasia, como causa ou como efeito desta? Quais? 
     Um animal displásico pode manifestar outras alterações. 

38. A displasia pode ser diagnosticada externamente? Existe algum sinal, seja na postura ou na conformação, por exemplo da garupa, ou seja no posicionamento das pernas que possa ser visto externamente como um sinal de alerta para a necessidade de  um exame radiográfico para confirmação ou não da displasia?
Em casos graves sim.
A postura individual de cada animal pode variar. A análise postural do animal deve ser complementada por um exame clínico.

39. A movimentação do cão pode dar algum indicio de que haja displasia?
Sim. Mas este critério é  empírico e pode gerar confusões.

40. Todo cão displásico, em qualquer nível, sente dor?
A dor em animais é algo diferente do humano. Mas os sinais de dor estão mais relacionados com graus mais graves de displasia, mas isto é uma reação individual, animais com grau leve eventualmente sentem dor. 

41. Todo médico veterinário está apto a avaliar uma imagem radiologica e emitir um laudo sobre displasia? Ou existe alguma certificação necessária?
A radiologia é uma área especializada na medicina veterinária. Todo médico veterinário pode realizar e interpretar uma radiografia, mas nem todos estão aptos ou tem experiência para isto. Não há exigência legal para realização da radiografia. A Sociedade Criadora de Pastor Alemão, onde o exame é obrigatório , tinha um critério próprio de avaliação da displasia, onde o veterinário deveria passar por uma avaliação par ser credenciado a realizar e interpretar a radiografia. Nesta época mais ou menos 8anos, eu fui credenciado, pela SBCPA.  

42. Existe como uma pessoa leiga poder saber se o laudo apresentado pelo criador é de um veterinário habilitado a emiti-lo ou não?
          A melhor forma é confiar e conhecer o veterinário que realiza a radiografia. Há uma
         questão ética, onde o profissional tem que saber seus limites técnicos. Atualmente há uma entidade particular chamada Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária que emite laudos de displasia. É uma entidade oficial, mas isto não garante exclusividade no laudo de displasia. Pois qualquer veterinário pode realizar o exame. Normalmente o veterinário realiza a radiografia e o proprietário encaminha a radiografia para o colégio. Quando eu faço a radiografia eu emito meu laudo. A minha radiografia segue as normas internacionais regidas pela FCI. Eu envio laudos para o mundo todo dentro das normas da FCI.
Entrevista com Dr. Marcio Teixeira
ULBRA